domingo, 19 de junho de 2011

She

A morte tem me assombrado e meu maior desespero é ser assim tão inexperiente (é também ser tão solitária, mas não digo esse porque não quero que ela saiba das inevitáveis semelhanças entre nós duas). A morte nunca me levou ninguém, ela me deixou seguir ilesa esses 24 anos e chegar aqui crua demais.
Parecerá absurso aos 48 eu dizer que foi aos 24 que eu me dei conta da nossa efemeridade, mas comigo aconteceu assim. Somos passageiros e eu não me sinto jovem, os 24 trouxeram a carga da idade adulta, a frustração - pela primeira vez - de só ter feito um pouco, a consciência e o medo. O medo.
Eu já chorei muito a morte dos outros, não dos que vão, mas daqueles que ficam fragmentados. Mas eu só chorei essa morte simbólica. Meu medo agora é saber que a cada dia ela se aproxima mais, já pronta para me encontrar com toda a culpa, a solidão e a consciência que carrego. O que ela levar, eu saberei, sem meias-memórias, sem fantasias.
Preciso reler Henriqueta Lisboa, preciso estudar, preciso estar preparada.
A maior dor é saber que se você não sofrer a perda daqueles que ama, é da sua vida que abriu mão.

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