quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Se as meninas ainda fossem

Se eu fosse explicar para vocês
Sobre vocês
Eu diria que o que era uma vez
Não pode ser mais.
Que a vida é piscina sem beira,
Tsunami sem duna de areia,
Oceano sem refúgio no cais.
E que de tanto fazermos de conta
Acreditamos que daríamos conta
De socorrer tudo aquilo que jaz.
E que havia para tudo sentido,
Bastava treinar o ouvido
E o caos soaria em paz.
Mas nos lembrando que era só fantasia,
A morte vem sem revés
Fingíamos ouvir melodia
Sabendo que a vida era jazz.

Mas se vocês estivessem ouvindo,
Não me deixariam continuar
E num instante eu entenderia
O poder de podermos brincar.
Voltaríamos com a água pro lago,
Repetiríamos o último afago
E até saberíamos voar.
Mas se ainda assim nos molhassem
Faríamos com que concordassem
Que bastava sol pra secar.
Vocês seriam bonecas de pano
Penduradas por um pregador
E teria sido um engano
Todos aqueles momentos de horror.
Tiraríamos todas as pedras
Para encher a mata de trilhas
E se viessem bombeirinhos de chumbo
Resgatariam a mãe e as filhas.

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