Eu sonhei que dois cavalos brigavam. Apoiados apenas pelas patas traseiras, eles mantinham as da frente no ar e se davam chutes violentos enquanto relinchavam de raiva e dor. Ficaram nessa luta por muito, muito mais tempo que qualquer cavalo teria interesse em lutar e conseguiram se manter sem tocar o chão nem mesmo uma vez. Aí, de repente, os cavalos viraram árvores e uma árvore sumiu.
Então eu sonhei que a árvore remanescente deu brotos que pareciam querer se tornar flores suaves como as flores que dali se esperaria, mas que nasceram em forma de estrela. E os pássaros que bicavam as estrelas em pétalas que desconheciam naquele jardim descobriram se tratar de doces alucinógenos. E foram chegando, pouco a pouco, multidões de pássaros interessados em sugar os pólens diversos que a loucura poderia trazer.
Até que, de tanto aprender sobre do que gostam os pássaros, a árvore aprendeu também a voar. E no sonho ela foi embora, deixando só grossas raízes podres naquele chão de escassos sais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário